Escolher um funcionário para um novo empreendimento ou realizar uma substituição na equipe nem sempre é uma tarefa fácil. É preciso fazer os procedimentos de um processo seletivo e estar bastante atento às respostas dos candidatos para avaliar qual deles atende melhor aos requisitos para a vaga. Para os empresários que têm dúvidas sobre como começar um processo seletivo ou a que aspectos atentar na hora da entrevista, seguem algumas dicas da psicóloga clínica e organizacional da consultoria Patrimônio Humano Gestão em Pessoas, Wládia Morais:
ACICG – Quais são as etapas de um processo seletivo e qual o tempo adequado para realizar todo o processo, desde o anúncio da vaga até a escolha do funcionário?
Wládia Morais – As etapas em um processo são: Convocação ou Recrutamento, Triagem Curricular, Entrevistas e Dinâmicas, Testes psicológicos e as vezes testes práticos, Seleção e escolha final do candidato. A convocação envolve o planejamento: que é saber quantidade de pessoas, demanda de tempo que precisa ser feita a reposição, verba, canais de divulgação (onde podemos anunciar) para atrair maior quantidade de pessoas no perfil atendendo aos demais itens. O tempo é de pelo menos uma semana, mas a função e as competências técnicas que envolvem a função também interferem. Há competências que encontramos com muita facilidade, o que abrevia e muito o tempo do processo, e, em contrapartida, há competências que são mais difíceis de encontrar, o que vai aumentar esse prazo. Um período médio contempla uns 10 dias úteis pra trabalhar a vaga, cumprir as etapas, dando condições de escolha.
ACICG – Como definir quais etapas a empresa deve realizar no processo seletivo?
Wládia Morais – O adequado é cumprir todas as etapas, pois sempre precisamos avaliar essa pessoa interagindo com outros, pensando de forma ampla e considerando o possível aproveitamento dessa pessoa para outras funções, mas quando estamos trabalhando para vaga que exija execução de uma tarefa simples e por prazo breve, sem risco na execução, as entrevistas são mais curtas, a quantidade de testes psicológicos bem menor, testes de conhecimento, às vezes, são excluídos, logo o processo fica menor e mais objetivo. Ou seja, as etapas são decididas em função da atividade a ser exercida.
ACICG – Quais as vantagens e desvantagens de realizar processos seletivos longos, com várias etapas?
Wládia Morais – O processo longo submete o candidato a várias confirmações: do interesse pela vaga, pela empresa, há a oportunidade de ser avaliado em dias diferentes, avaliando seu humor, sua disposição e isso acaba assegurando uma maior possibilidade desse colaborador oferecer o que se deseja e de obter da empresa o que ele deseja. Temos que lembrar que o candidato é avaliado e avalia também. A consequência é a redução de “turnover” [alta rotatividade de funcionários]. Processos curtos tem a vantagem de repor a vaga em curto prazo (o que pode ser uma necessidade do empregador), mas tem maiores riscos de não permitir uma avaliação adequada das competências técnicas e também pessoais aumentando a rotatividade.
ACICG – O que o recrutador não pode deixar de questionar ao candidato na hora da entrevista?
Wládia Morais – Na Patrimônio Humano, por ser uma consultoria, gostamos de perguntar se a pessoa está passando por outro processo seletivo, e caso esteja, buscamos nos informar sobre o que está sendo oferecido na outra empresa, buscamos saber o que o atrai em uma empresa, o que e espera dos seus gestores e pares e seus projetos.
ACICG – A que pontos o empresário deve estar atento nas respostas dos candidatos para fazer sua escolha?
Encontrar informações que não batem: datas, motivos de dispensa e a autenticidade nas respostas fornecidas. Tem gente que dá repostas decoradas demais. Ou seja, a falta de espontaneidade é muito pior do que o nervosismo.
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